Foto: TVI24

O antigo inspector revela ao Observador que Rosa Grilo resolveu confessar o crime há cerca de dois dias depois de ele próprio lhe ter recomendado que «seria melhor para ela». Note-se que o ex-inspector da PJ integrou a equipa de defesa de Rosa Grilo, juntamente com a advogada Tânia Reis. Mas os dois deixaram de a defender depois de o Ministério Público os ter acusado de «plantarem» uma bala no local onde Luís Grilo terá sido morto, para alegadamente baralhar o julgamento. O ex-PJ também recusa que a confissão de Rosa Grilo o possa beneficiar no processo de que é alvo.

“Fui eu que matei o Luís”. É desta forma que Rosa Grilo assume, finalmente, a autoria do homicídio do seu marido, o triatleta Luís Grilo.

No vídeo que publica no YouTube, com a confissão de Rosa Grilo, João de Sousa revela que, quando trabalhava na PJ, chegava a visitar homicidas ou pedófilos já condenados na prisão. Antes de divulgar o testemunho da mulher, João de Sousa enquadra a conversa com várias teorias forenses e cita, nomeadamente, o psicólogo Carl Rogers que foi o autor da chamada «Abordagem Centrada na Pessoa» e que passa, segundo o ex-inspector, pela «aceitação incondicional do outro, empatia e congruência». «O filho da D. Rosa Grilo há-de pacificar-se, ainda que com a culpa e o acto da mãe, a família do senhor Luís Grilo vê que a justiça foi feita em relação à senhora Rosa Grilo e ao que ela vai dizer e confirmar, a sociedade pacifica-se e a PJ, naquilo em que acertou, reforça a sua tecnicidade e a sua actuação», destaca ainda João de Sousa. João de Sousa deixa ainda «uma palavra» para o coordenador da secção de homicídios de Lisboa, Pedro Maia, e para o inspector-chefe da brigada de homicídios da capital, Lopes Pereira.


Na sexta-feira passada, João de Sousa já tinha divulgado outra conversa telefónica gravada com Rosa Grilo. Um telefonema que começa com ela a assumir que autoriza a gravação para divulgação no canal do YouTube do ex-inspector. Rosa Grilo também confessa que teve dificuldades em encontrar um advogado, após a perda da sua equipa de defesa. O próprio João de Sousa critica os jornalistas na introdução que faz a esta primeira conversa, falando da «promiscuidade do jornalixo».

João de Sousa também acusa os jornalistas de estarem a «lesar» a sua «dignidade», algo que considera inaceitável, independentemente do «acto hediondo» de Rosa Grilo e que «todos reprovámos». Também considera que «os muros das prisões existem para que não saia cá para fora a informação».